No Brasil das últimas décadas (1991-2016), as relações entre televisão e espetáculos de teatro têm por pano de fundo o entrelaçamento da mídia com as políticas públicas culturais, especificamente diante do uso da Lei Rouanet (Lei Federal de Incentivo à Cultura).
Espetáculos teatrais das mais variadas naturezas são mediados por uma relação publicitária com a televisão. Muitos se estruturam em torno do ator de projeção nacional (quase sempre fabricado pelas estruturas midiáticas), tanto para captação de recursos quanto para garantir a divulgação ou a adesão da plateia.
A mídia se apropria dos fazeres culturais e lhes atribui valores que devem ser trazidos à luz para serem discutidos pelos agentes sociais que pensam, usufruem dessa cultura, fazem e criam manifestações artísticas por meio dos mecanismos de apoio à cultura no País.
A questão que guia essa discussão é que uma economia baseada no incentivo fiscal constrói socialmente certos valores simbólicos para a cultura, em uma operação que termina regulando a sobrevivência desse segmento artístico por conta do tipo de significação social que promove.
Os meios de comunicação normatizam a expansão de certos tipos de teatro, e a televisão aberta brasileira tem aí um papel específico, que produz um traço mercadológico que impacta a produção teatral no País. Esta discussão é fruto de pesquisa de doutorado que deu origem à obra “Comunicação e Cultura: diálogos e tensões por trás da cena”. Esta obra será oficialmente lançada na ocasião da apresentação da palestra.